De 23 a 27 de maio é comemorada a Semana Internacional da Tireoide (dia 25 é o Dia Internacional da Tireoide). Considerada a ‘comandante’ do metabolismo, a tireoide é uma importante glândula que produz os hormônios T3 e T4, e é responsável por regular a função de órgãos como o coração, o cérebro, o fígado e os rins, desempenhando um papel fundamental em nossa saúde e bem-estar.
Neste ano, o tema da campanha é "Menos é Mais” e tem o objetivo de abordar os excessos relacionados ao tratamento e ao diagnóstico das doenças da tireoide. Segundo o endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional PR e médico do serviço de endocrinologia do Hospital de Clínicas da UFPR, Dr. Cleo Mesa Junior, quando o paciente apresentar algum problema na glândula, é fundamental que a avaliação do médico seja correta, sem os tradicionais excessos.
“Existem profissionais da área de saúde que acabam aumentando o problema. Então, para os médicos, fica esse alerta de como fazer a avaliação correta do paciente, de não prescrever medicamentos que não precisam ser prescritos, de não solicitar exames de imagem que não precisam ser solicitados ou mesmo de fazer biópsia de nódulos que não precisam ser puncionados. Para os pacientes, o apelo mais importante da campanha é o entendimento de que quando você tem uma alteração nos exames da tireoide ou encontra uma alteração no exame de ecografia, geralmente é uma algo simples de resolver, não precisa entrar em pânico”, explicou.
Será que tenho problemas na tireoide?
A disfunção da tireoide de cada paciente é única, e nem todas as pessoas sofrem todos os sintomas produzidos pela doença. Mas é possível ficar atento a alguns sintomas. Confira alguns sinais listados pelo especialista:
1 - Cansaço excessivo: a tireoide é um importante regulador do nosso metabolismo, assim sendo, se ela fica ‘preguiçosa’ e passa a produzir menos hormônios tireoidianos (hipotireoidismo), o metabolismo do corpo fica lento também e causar sintomas como sonolência excessiva, cansaço e falta de disposição, lentidão e dificuldade para exercer as tarefas e funções habituais.
2 - Alteração do humor: sintomas como agitação, ansiedade, irritabilidade e insônia podem ocorrer no hipertireoidismo, assim como depressão e falta de memória podem ocorrer no hipotireoidismo.
3 - Alteração do hábito intestinal: pacientes com hipotireoidismo podem apresentar constipação, e pacientes com hipertireoidismo podem apresentar diarreia.
4 - Alteração de peso: o hipotireodismo até pode causar um discreto ganho de peso, geralmente associado ao inchaço. Mas de uma forma geral, quando é observado o ganho de peso, não é problema na tireoide e sim outro motivo para esse aumento. A obesidade não pode ser causada pelo hipotireoidismo.
5 - Aumento de volume na região do pescoço: as duas disfunções tireoidianas (hipotireoidismo e hipertireoidismo) são muito diferentes entre si, mas nos dois casos a glândula tireoide pode se tornar maior do que o normal, podendo até ser visível ou percebida na parte inferior da garganta. Vale ressaltar que na maior parte das vezes não há disfunção da tireoide, nem hiper nem hipotireoidismo, apenas o crescimento de uma parte ou de toda a glândula. Disfunções na tireoide podem acontecer mesmo sem o bócio (nome médico da glândula tireoide de volume aumentado).
Dr. Cleo ressalta que alguns sintomas podem ser gerais, e em muitos casos se confundem com cansaço, excesso de trabalho, entre outros.
“Por isso, é importante o paciente relatar para o médico e ele interpretar os sintomas junto com as outras alterações no exame físico, para ver se fazem sentido”, completou o especialista.
“Tenho tireoide”
Certamente você já ouviu essa frase, mas saiba que ela está errada. O Dr. Cleo explicou o porquê:
"Tireoide é um órgão (como são os rins, o pâncreas, o coração) e não uma doença. Então, quando alguém diz que ‘tem tireoide’, talvez ela esteja querendo dizer que tem problemas na tireoide (hipotireoidismo, nódulos, etc.)”, esclareceu.
Tratamento para doenças na tireoide
Quando diagnosticada uma alteração no funcionamento da glândula, é indicado que o paciente faça a reposição do hormônio de uma forma contínua. “Existem alguns pacientes que entram em remissão, ou seja, que recuperam o funcionamento da glândula. Mas a maioria dos pacientes que têm hipotireoidismo acabam precisando de um medicamento para a vida inteira”, ressaltou o médico.
Caso o exame de sangue mostre alguma alteração, não se deve pensar no pior. Segundo o endocrinologista, nem sempre o paciente precisará fazer um tratamento; muitas vezes ele vai apenas observar ou repetir o exame. “O médico deve discutir caso a caso qual paciente precisa tratar levando em conta dados como a idade, risco de progressão e a gravidade da alteração laboratorial”, completou.
Nos casos de hipertireoidismo, pode haver tratamento e a cura de parte dos pacientes, dependendo do tipo de doença que o paciente tem.
“Às vezes é necessário operar, em outros casos fazer iodo radioativo (tratamento específico para a tireoide), além de também existir medicamentos específicos para controlar o excesso do hormônio da tireoide. Mas, sim, existem doenças nesse caso que podem ser curadas”, observou o Dr. Cleo.
No caso dos nódulos e tumores da tireoide, que são mais raros, o tratamento pode ser cirúrgico; se forem lesões muito pequenas, que não incomodam o paciente e que já foi excluído que não é câncer, o paciente às vezes nem precisa tratar.
“Ele pode simplesmente fazer o acompanhamento daquela lesão e seguir a vida dele com aquele nódulo sem trazer nenhum transtorno para ele”, finalizou o médico.
Campanha 2022
A campanha da Semana Internacional da Tireoide de 2022 tem como tema "Menos é Mais” e tem o objetivo de abordar os excessos relacionados ao tratamento e ao diagnóstico das doenças da tireoide.
Acompanhe as redes sociais da SBEM-PR e do Departamento de Tireoide da SBEM Nacional para mais informações sobre a campanha: https://www.instagram.com/tireoidesbem/ e https://www.instagram.com/sbempr/ .
Notícias - Dia Internacional da Tireoide: a importância do diagnóstico correto e sem excessos
