SBEM-PR Informa - Dúvidas sobre osteoporose

A osteoporose é uma doença óssea sistêmica caracterizada por baixa massa óssea, deterioração do tecido ósseo e alteração da sua microarquitetura, implicando em uma resistência óssea reduzida e risco aumentado de fraturas. É considerada a doença osteometabólica mais comum e constitui um importante problema de saúde pública pelo fato de resultar em gastos exorbitantes e índice elevados de morbimortalidade.

A prevalência da osteoporose no Brasil em mulheres na pós-menopausa varia de 30 a 40%, dependendo do estudo e em homens acima de 50 anos, em torno de 15%. Entretanto, com o aumento da expectativa de vida, estima-se também um aumento da prevalência da osteoporose e de fraturas osteoporóticas, o que contribui para uma redução da qualidade de vida.

A osteoporose pode ser primária ou secundária, sendo a primeira a forma mais comum e está associada à menopausa e ao envelhecimento. O termo, osteoporose secundária se refere ao tipo de osteoporose que é causada ou exacerbada por uma doença, alteração ou medicação específica, cuja prevalência varia de 50 a 60 % nos homens e 40% nas mulheres, chegando até 90% em indivíduos jovens. Portanto, é muito importante na avaliação de um paciente com osteoporose sempre investigar, através de uma história clínica bem detalhada e exames laboratoriais, uma causa secundária.

Fatores de risco
Alguns fatores de riscos da osteoporose devem ser pesquisados na avaliação clínica como história familiar de osteoporose, presença de tabagismo ou etilismo, fraturas prévias, sedentarismo, baixa ingestão de cálcio e exposição solar, como também, baixo índice de massa corpórea.

Diagnóstico
O diagnóstico da osteoporose pode ser clínico na vigência de uma fratura atraumática ou através de medida da densidade mineral óssea (DMO), realizada pelo exame de densitometria óssea. Esta mensuração é feita por dupla emissão de raios X (DXA), que é um método preciso, não invasivo e com baixa radiação.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a osteoporose é diagnosticada quando o T-score da coluna lombar, fêmur (total ou colo) ou rádio 33% apresentar resultado igual ou inferior a -2,5 em mulheres na pós-menopausa e homens acima de 50 anos. Para crianças, adolescentes, mulheres na pré-menopausa e homens baixo de 50 anos, o Z-score deve ser utilizado e quando for igual ou inferior a -2.0, o diagnóstico será de baixa massa óssea para a idade.

Tratamento
O tratamento da osteoporose divide-se em não farmacológico e farmacológico. O primeiro inclui uma adequação de cálcio (ao redor de 1000mg ao dia entre o cálcio da dieta e da suplementação) e vitamina D (meta de atingir valor de 25OHvitamina D> 30ng/ml), prática de atividade física e cessação do tabagismo. O tratamento farmacológico constitui de medicações antirreabsortivas e anabólicas, as quais são indicadas de acordo com o risco de fraturas dos pacientes segundo os consensos mais recentes. Adicionalmente, os pacientes devem ser orientados para prevenção de quedas e acompanhados regularmente.

Por Dra. Carolina Aguiar Moreira e Dra. Victória Z. Cochenski Borba

Referências:

  • Pinheiro MM, Ciconelli RM, Jacques NO et al. The burden of osteo­porosis in Brazil: Regional data from fractures in adult men and women – the Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Rev Bras Reumatol. (2010); 50(2): 113-27.
  • Stein E, Shane E. Secondary osteoporosis. Endocrinol Metab Clin North Am. (2003); 32(1): 115-34.
  • Brandão CM, Camargos BM, Zerbini CA et al. [2008 Official positions of the Brazilian Society for Clinical Densitometry-SBDens]. Arq Bras Endocrinol Metabol. (2009); 53(1): 107-12.
  • Moreira CA, Ferreira CEDS, Madeira M, Silva BCC, Maeda SS, Batista MC, Bandeira F, Borba VZC, Lazaretti-Castro M. Reference values of 25-hydroxyvitamin D revisited: a position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM) and the Brazilian Society of Clinical Pathology/Laboratory Medicine (SBPC). Arch Endocrinol Metab. 2020 Aug;64(4):462-478. 2020 Jun 5.
  • Camacho PM, Petak SM, Binkley N, Diab DL, Eldeiry LS, Farooki A, Harris ST, Hurley DL, Kelly J, Lewiecki EM, Pessah-Pollack R, McClung M, Wimalawansa SJ, Watts NB. AMERICAN ASSOCIATION OF CLINICAL ENDOCRINOLOGISTS/AMERICAN COLLEGE OF ENDOCRINOLOGY CLINICAL PRACTICE GUIDELINES FOR THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF POSTMENOPAUSAL OSTEOPOROSIS-2020 UPDATE. Endocr Pract. 2020 May;26(Suppl 1):1-46.
  • Radominski SC, Bernardo W, Paula AP, Albergaria BH, Moreira C, Fernandes CE, Castro CHM, Zerbini CAF, Domiciano DS, Mendonça LMC, Pompei LM, Bezerra MC, Loures MAR, Wender MCO, Lazaretti-Castro M, Pereira RMR, Maeda SS, Szejnfeld VL, Borba VZC. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of postmenopausal osteoporosis. Rev Bras Reumatol Engl Ed. 2017;57 Suppl 2:452-466.
  • Kanis JA, Cooper C, Rizzoli R, Reginster JY; Scientific Advisory Board of the European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis (ESCEO) and the Committees of Scientific Advisors and National Societies of the International Osteoporosis Foundation (IOF). European guidance for the diagnosis and management of osteoporosis in postmenopausal women. Osteoporos Int. 2019 Jan;30(1):3-44.
  • Shoback D, Rosen CJ, Black DM, Cheung AM, Murad MH, Eastell R. Pharmacological Management of Osteoporosis in Postmenopausal Women: An Endocrine Society Guideline Update. J Clin Endocrinol Metab. 2020 Mar 1;105(3):dgaa048.
  •