Esse ano saímos de ônibus parar alertar a nossa população sobre a doença responsável por 5-10% dos casos de infarto do coração em pessoas abaixo de 50 anos, aumento severo do colesterol, doença chamada de hipercolesterolemia familiar (HF). Quando detectada e não tratada, o risco de um portador Hipercolesterolemia familiar na forma heterozigótica de desenvolver doença coronária ou morrer chega a 50% nos homens e 12% das mulheres aos 50 anos de idade.
Estima-se que, no mundo todo, existem mais de 10.000.000 de indivíduos portadores de HF; no entanto, menos de 10% destes têm diagnóstico conhecido de HF, e menos de 25% recebem tratamento. Felizmente o diagnóstico precoce, a triagem em cascata das famílias, já que nessas um em cada 2 familiares pode ser afetado, podem mudar a história natural dessa grave enfermidade.
Vamos entender um pouco mais sobre essas gorduras do sangue:
O colesterol é um tipo de gordura importante e necessária para o funcionamento do nosso corpo, pois participa da formação da parede das células de todo o organismo, além da formação de hormônios e vitaminas.
Em geral, pensamos que o colesterol presente em nosso sangue vem apenas dos alimentos que ingerimos (ex. alimentos gordurosos), MAS é importante saber que o nosso corpo produz colesterol. O fígado é muito importante neste processo, pois é o grande responsável pela eliminação/remoção do LDL-colesterol do organismo.
Através do exame perfil lipídico ou lipidograma conhecemos o nosso nível de colesterol, triglicerídeos, LDL colesterol e HDL.
Uma criança pode ter seu colesterol alto mesmo que sua família não o tenha. É importante informar ao médico a história de saúde dos familiares* - pais ou avós que tiveram infarto do coração ou AVC (“derrame”) precoce- antes dos 55 anos para homens, e 65 anos para mulheres.
O exame de colesterol deve ser realizado:
- em TODA criança entre 9 e 11 anos de idade (antes do início da puberdade);
- Em algumas situações em crianças de 2 a 8 anos: crianças acima do peso, com diabetes ou que façam tratamento de saúde para doenças nas quais o seu médico solicite; e naquelas com histórico de saúde dos familiares com doença cardíaca precoce.
Existem valores de normalidade desse perfil nas crianças e adolescentes:
Ter o LDL-c normal é importante, mas não é o suficiente; o médico precisa avaliar se os triglicerídeos e o HDL-c estão normais para a idade. Se o LDL-c estiver acima de 130mg/dL a criança deverá procurar orientação médica. Na hipercolesterolemia familiar os níveis de LDL colesterol são superiores a 160mg/dl.
Como se comportar frente a essa situação:
- A principal medida para o controle do colesterol ou dos triglicerídeos é baseada em mudança de estilo de vida;
- Adotar uma alimentação saudável é fundamental;
- Praticar atividade física diária é muito importante;
- Na maioria dos casos de dislipidemia NÃO há necessidade de medicação para as crianças;
- Quando são necessárias, as medicações podem ser prescritas pelo médico e mostram-se seguras para as crianças;
- Na hipercolesterolemia familiar a medicação é sempre necessária e de forma contínua.
- O acompanhamento multidisciplinar com nutricionista e seu médico pediatra ou endocrinologista está sempre recomendado;
Dra. Maria Augusta Karas Zella | endocrinologista - SBEM-PR
Fonte: Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF) Santos R.D., Gagliardi A.C.M., Xavier H.T., Casella Filho A., Araújo D.B.; Cesena F.Y., Alves R.J. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF). Arq Bras Cardiol 2012;99(2 Supl. 2):1-28