Notícias - Saiba como prevenir o diabetes; doença já atinge mais de 14 milhões de brasileiros

No Brasil, cerca da metade das pessoas que possuem diabetes ainda não têm o diagnóstico.

Estamos no Novembro Diabetes Azul, mês de conscientização sobre o diabetes, doença crônica de origem múltipla que causa aumento da glicose (açúcar) no sangue.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 14,5 milhões de brasileiros sofrem de diabetes. Ainda de acordo com o estudo, a taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez anos. No Brasil, cerca da metade das pessoas que possuem diabetes ainda não têm o diagnóstico.

No Paraná, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, o número de óbitos por diabetes entre 2014 e 2016 foi de 3.400 mortes por ano, uma média de 9 mortes por dia.

A endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional Paraná (SBEM-PR), Maria Augusta Karas Zella, listou alguns fatores de risco para a doença e explicou o quanto a genética pode influenciar nesse quadro.

“Os principais fatores de riscos para desenvolver o diabetes são: sedentarismo, pressão alta, colesterol alto, obesidade ou sobrepeso com aumento da circunferência abdominal, diabetes gestacional e histórico familiar da doença (pais e irmãos). Vale destacar, no entanto, que a genética é o principal fator de risco. Porém, se a pessoa com essa predisposição atuar nos fatores de risco modificáveis, como por exemplo, fazer atividade física regularmente e manter uma alimentação saudável, ajuda a prevenir o diabetes”, completou a especialista.

Mutirão para conscientização
No dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes. Por isso, no próximo sábado (09/11), dois grandes eventos – Retina do Bem 2019 e 7º Mutirão Diabetes Curitiba – se unem em prol da conscientização da doença. Será na Praça Ouvidor Pardinho, das 9h às 16h, e a entrada é gratuita.

Neste dia, os pacientes diabéticos poderão realizar exame de “Fundo de Olho”, que pode diagnosticar a Retinopatia Diabética, e diabéticos com 10 anos de doença vão realizar a avaliação do pé diabético. Os casos com retinopatia diabética que forem diagnosticados durante a ação serão encaminhados para tratamento.

No mesmo dia, o Retina do Bem 2019 e o 7º Mutirão Diabetes Curitiba oferecerão também serviços multidisciplinares relacionados à área da saúde, com a participação de enfermeiros, cardiologistas, endocrinologistas, nutricionistas, farmacêuticos e educadores físicos.

Sintomas do diabetes
Os sintomas característicos do diabetes são: urinar muito e tomar muita água, além da perda de peso aparecerem mais frequentemente no diagnóstico do diabetes tipo 1. A maioria dos portadores de diabetes tipo 2 são assintomáticos. “Por isso”, lembra Maria Augusta, “que 50% dos diabéticos permanecem sem diagnóstico”.

Obesidade x diabetes
A obesidade é um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2, e existe uma forte relação entre o ganho de peso, mesmo que pouco, e o aumento do risco. De acordo com a endócrino, a obesidade visceral - quantidade gordura no nível do abdómen - tem um papel relevante no desenvolvimento da diabetes tipo 2.

Como medir: em pé, deverá medir a largura com a ajuda da fita métrica colocada entre a parte inferior das costelas (em baixo da última costela) e a crista ilíaca (parte superior dos ossos da bacia). O valor é anotado depois de uma inspiração normal à altura do umbigo.

Medidas de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres já indicam maior risco.

Tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes, como diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, diabetes gestacional, secundário à medicação (corticoide é o mais frequente, seguido de alguns antipsicóticos e alcoolismo) e secundário a doenças pancreáticas.

O tipo 1 e o tipo 2 geralmente são os mais conhecidos. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune (destruição autoimune das células produtoras de insulina) e geralmente aparece na infância e adolescência, afetando, em média, entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença - pode ser diagnosticada em adultos também. É tratado com reposição de insulina, medicamentos, mudanças nos hábitos alimentos e estímulo à prática de atividade física.

Já o diabetes tipo 2 é quando o pâncreas produz insulina, mas há a resistência da ação da insulina para captação de glicose no músculo e nas células gordurosas. É mais comum em pessoas com mais de 40 anos, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação, acima do peso, mas também pode afetar os jovens e crianças.

Prevenção do diabetes
Hábitos alimentares adequados e atividade física regular são fundamentais para ficar longe da doença. A forma mais efetiva de prevenção do diabetes é a mudança de estilo de vida.

Em relação à alimentação, os diabéticos devem comer de forma saudável, restringir os carboidratos processados e preferir os alimentos com fibras que reduzem o índice glicêmico.

Pé diabético
Quem tem diabetes pode ter a sensibilidade dos pés alterada e não sentir dores quando apresentar algum problema. Com isso, perde-se a proteção da dor e lesões podem progredir sem sentir incômodo. E aí, ao perceber o problema, pode ser tarde – e em alguns casos, é necessária a amputação.

Segundo a especialista, o primeiro cuidado é a inspeção dos pés para verificar se não há nenhuma micose ou ‘frieira’, que é uma porta de entrada para bactérias. “Ao cortar as unhas, cuidado para não causar ferimentos. Nunca coloque bolsa de água quente nos pés devido ao risco de queimadura sem sentir. A dica é procurar o médico no caso de dor ou mudança de temperatura, ou cor dos pés”, ressalta.

A doutora também esclareceu que nem todo paciente diabético terá complicações nos pés. “O pé diabético acontece quando o indivíduo apresenta alterações da circulação com insuficiência arterial periférica associada com a neuropatia periférica”.

Os principais sintomas da neuropatia são: dor (em forma de ardência ou pontada), queimação, dormência ou formigamento, fraqueza nas pernas, cãibras, principalmente a noite, entre outros. E a principal forma de diagnosticar a neuropatia diabética é o exame físico do pé com testes de sensibilidade.

Convivendo com o diabetes
O diabetes não tem cura, mas tem controle. De acordo com Maria Augusta, pessoas com diabetes e que mantêm a doença controlada podem ter uma vida normal. “O diabético precisa gerenciar os valores de glicose no sangue e ser treinado a tomar decisões efetivas no seu autocuidado”, reforçou.

Segundo a International Diabetes Federation, os 7 pilares para o bom manejo do diabetes são:

- Comer de forma saudável;
- Fazer atividade física;
- Vigiar os valores de glicemia;
- Tomar os medicamentos;
- Encontrar soluções;
- Reduzir riscos;
- Adaptar-se saudavelmente.

Sobre o Dia Mundial do Diabetes
Em 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, em memória ao aniversário de Frederick Banting, que juntamente com Charles Best descobriram a insulina em 1923. Em 2006, a ONU reconheceu como uma data mundial. Atualmente, esse dia é comemorado em mais de 160 países.

Sobre o Novembro Diabetes Azul
O Novembro Diabetes Azul voltou a integrar o Calendário de Eventos do Ministério da Saúde em 2018. O tema da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para 2019 se manteve como no do ano passado – A família e o diabetes. A família tem papel importante no cuidar e apoiar a pessoa com diabetes.

“A família deve colaborar com a dieta adequada do paciente diabético, para que todos vivam com saúde, além de dar suporte para ajudar os portadores da doença que já possuem complicações. Também é fundamental o apoio psicológico e o incentivo à realização da atividade física”, completou Maria Augusta.

Para mais informações, acesse: http://novembrodiabetesazul.com.br/ .

SERVIÇO: Retina do Bem 2019 e 7º Mutirão Diabetes Curitiba
Data: 9 de novembro de 2019
Horário: 9h às 16h
Local: Praça Ouvidor Pardinho – Rua 24 de Maio, s/nº – Rebouças
Realização: Oftalmo Curitiba, Centro Paranaense de Oftalmologia e Prefeitura Municipal de Curitiba
Apoio: Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), Associação Paranaense de Oftalmologia (APO), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).